quarta-feira, 6 de abril de 2011

O fim do Neolítico e o início da civilização

Durante cerca de 25 mil anos, o homem moderno (Homo Sapiens Sapiens) viveu da caça e da coleta de frutas e verduras da natureza. Foi durante esse período que ele desenvolveu ferramentas para aprimorar a caça, valendo-se de machados, lanças, controle do fogo e o posterior uso dos metais. Com o passar dos anos, nossos primeiros ancestrais criaram uma cultura própria e uma organização social, que incluía o convívio em bandos e a divisão de trabalho: enquanto os homens caçavam, as mulheres cuidavam das crianças.

Essa evolução social foi representada através da arte rupestre, que valeu-se de dois recursos: as esculturas e as pinturas. Acredita-se que essa nova organização social foi se complexificando cada vez mais e durante um período relativamente curto (2 mil anos) os homens constituíram sociedades protoestatais. Em torno de 15 mil anos atrás, os antigos rituais de fertilidade e controle da natureza se transformaram em religiões que foram a base para a constituição de novos e nascentes estados.

Vários são os fatores que podem ter levado a essa nova estrutura social, e várias são as teorias historiográficas sobre esse tema. Mas podemos sistematizar essas compreensões nos seguintes elementos:

Densidade populacional crescente: A habilidade e o controle da técnica de caça e defesa, aliada à divisão de trabalho entre homens e mulheres permitiu um crescimento populacional em todos os continentes, o que representava um duplo significado: mais facilidade para a vida dos humanos em sociedade e mais disputas por alimentos.

Domesticação dos animais: O homem conseguiu controlar os animais seja para uso na caça, como no caso do cavalo, seja para defesa, como o cachorro, ou ainda para o consumo, no caso da vaca, do mamute, do veado, aves, entre outros.

Implantação da agricultura: A partir da observação da natureza, conseguiu-se o domínio da agricultura. Isto representou uma grande revolução, já que o homem de coletor passou a ser produtor de seu alimento.

Início da sedentarização: Com o domínio da agricultura, o homem passou a se fixar em lugares, ao contrário do nomadismo anterior. Desta forma, começaram a existir os primeiros aglomerados urbanos, aldeias e mais tarde cidades.

Essa nova forma de viver promoveu um desenvolvimento social, redimensionando e reorganizando as interações sociais. Assim, começou-se a criar uma produção especializada, com o surgimento de sacerdotes religiosos e funcionários administrativos responsáveis pela organização do trabalho e a redistribuição. Como forma ideológica de organização, passou-se a construção de grandes templos e palácios, que representavam o primeiro eixo simbólico do futuro estado.

A organização da vida ao redor da religião e do palácio derivou a criação de sistemas de pesos e medidas e logo a escrita, que possibilitava registrar, retomar, atualizar e difundir o conhecimento. Coube aos sacerdotes o controle da escrita, o que acarretou numa estratificação social: por um lado uma classe de produtores e por outro uma classe especialista e dirigente – que tinha o monopólio da decisão e da força (funcionários, clero e exército). É nesta classe que surgirá a figura do rei, figura de poder absoluto que representa o intermediário com o sagrado – rei como representante de Deus ou descendente direto.

Assim, os primeiros protoestados, que logo darão surgimento ao Egito e à Mesopotâmia constroem uma visão mítica do mundo, baseado no politeísmo – onde os deuses representam as forças naturais -, numa concepção cíclica do tempo – mito do eterno retorno -, e uma produção artística religiosa comunitária e anônima.


PERRY, Marvin. Civilização Ocidental: Uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

CARDOSO, C. F. S. Sete olhares sobre a antiguidade. Brasília: UNB

Sociedades do Antigo Oriente Próximo. Rio de Janeiro: Ática

CHELIK, M. História Antiga: de seus primóridios à queda de Roma. Rio de Janeiro: Zahar

CHILDE, G. V. A evolução cultural do homem. Cap.5: A revolução Neolítica. Rio de Janeiro: Zahar, 1966.

ELIADE, M. Mito do Eterno Retorno. São Paulo: Mercuryo, 1992.


Um comentário:

  1. o desgaste da rocha ocorreu por causa do clima e de sua mal conservação

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